Hoje mais uma vez seria a data do fim do mundo. Vejo muitos “desapontados” ou fazendo graça porque sempre é mentira. Será que é?

Porque o fim tem que ser uma grande catástrofe do planeta, ou uma morte física? Porque nos apegamos tanto a ideia de que o fim tem a ver com destruição do campo material? Para mim esse fim pode muito bem representar o rompimento de nossas barreiras emocionais, ou o equilíbrio do nosso ego, ou a morte simbólica de um relacionamento. Afinal em nossa jornada terrestre possuímos tantos fins, não é mesmo? Quantas vezes não fomos dormir com um aperto no peito pelo fim de uma amizade, ou acordamos com um sorriso gigante pelo fim de uma doença?

Percebo que atualmente estamos nos espiritualizando cada vez mais, mesmo com tanta tecnologia. Quantas pessoas estão falando em meditação e yoga? Quantas pessoas escrevem sobre causas sociais e ajuda ao próximo? Quantas pessoas encontraram uma religião ou uma filosofia pra seguir? Quantos de nós compartilhamos frases budistas no facebook porque nos conectamos ou gostaríamos de conectarmos com aquelas palavras? Muitos estão procurando sua maneira de encarar o mundo e a espiritualidade tem se fortificado.

O autoconhecimento se tornou um produto. E pra gente se conhecer, real e sem julgamento, precisamos colocar vários pontos finais. A lagarta precisa chegar no seu fim para ser borboleta. Isso não requer o fim do mundo material em que ela vive, mas necessita do encerramento de tudo que ela conhecia sobre o mundo e sobre si mesma.

Talvez o fim do mundo que tanto falemos tenha acontecido, ou esteja em processo. Olhe para si e me diga se não houve vários momentos que você poderia denominar de “fim do mundo”?

É o fim do nosso mundo particular, aqui dentro do nosso interior onde só nós temos a chave e que compartilhamos com uma ou várias pessoas, ou que as vezes nem a gente mesmo quer abrir essa porta com medo do que pode encontrar.

Eu acredito demais que ninguém sai dessa experiência chamada Vida como a mesma pessoa, pois se temos chance de crescer fisicamente, as mudanças interiores também acontecem. Pode ser minúscula e talvez imperceptível, mas com certeza elas ocorrem. E não acho que tem nada de errado a sua plantinha não ser uma árvore, cada um tem seu tempo e cada ser vivo é único. As suas particularidades são suas, olhar pro outro com admiração é uma coisa, mas com vontade de ser e ter o que ele tem, é outra. Você não nasceu na família daquela pessoa, talvez não tenha frequentado a mesma escola que ela, certamente não herdou as características físicas dela. Então como podemos querer se tornar aquele ser? O fim pode ser cruel também, quando matamos características existentes em nós para se encaixar em uma vida que não nos pertence.

Esse final que nós tanto buscamos pode ser uma alternativa para a nossa miséria espiritual ou um conforto para nossos pecados, como pode ser uma forma de visualizar para prosperar. Eu vejo esse fim do mundo acontecendo de forma sutil, mas ordenada. Existe um despertar na nossa sociedade, não quer dizer que todos estão acordando ou que devam acreditar nisso, mas é nítida essa nossa busca por evolução. E essa evolução pra cada um tem um significado, um peso e uma forma diferentes. Para mim pode vir na forma de estar presa num lugar e que isso vá me ensinar o que realmente é a liberdade, pra você pode ser uma morte física de alguém ou até mesmo a sua que pode te mostrar o que realmente é esse tal de desapego, e pro outro pode ser simplesmente arrumar a casa pra colocar os pensamentos em ordem e decidir mudar a cor do cabelo.

Lidamos com o “fim” todos os dias, só não qualificamos isso como um desastre natural. Talvez profissionais da astrologia possam indicar mudanças ou alinhamentos planetários que nos mostrem com mais clareza o fim de um ciclo e início de outro. Eu, como adoradora do misticismo, tenho plena convicção de que algo acabou hoje e talvez possamos sentir com o longo dos dias, ou dos anos.

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Juliana Saueia

Juliana é atriz, escritora e bacharel em Direito. Vive com os pés na estrada e a cabeça em outros planetas.

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