Quem é que pode ser good vibes?

Ah, como eu me apaixonei quando descobri a galera good vibes… que energia boa, quanta troca espetacular, amor acima de tudo, amor por todos, sorriso estampado na cara e muitas, mas muitas plantinhas pra cuidar e fumar.

Os good vibes se importam com as pessoas, com os animais, com as ervas… eles buscam acolher todos, não tem preconceitos, cada um sendo e fazendo o que te faz feliz.

Será?

Esse texto não é para generalizar, mas para prover uma reflexão.

Meu pai me fez mochileira

Esses dias uma amiga, que eu sou apaixonada, me chamou para um festival que promove ideias de um mundo bem diferente e bem mais próximo do que achamos ideal. Eu gostaria muito de ter participado, foram vários dias de discussões, reflexões e atividades espirituais e sociais também. Com muita gente lacrando falando difícil sobre temas preocupantes como preconceitos, abusos, negligência com a natureza, etc.

Mas assim, que baita privilégio de quem estava lá, afinal de acessível aquilo não tinha nada.

Não estou invalidando, até porque se eu tivesse me programado, super teria ido e falado muito namastê.

Porém, a gente tem que entender que apenas promover esses festivais que são feitos para uma determinada classe social, que só instiga o debate entre seus iguais, não faz tanto assim pelo mundo né?

Até quando a Terra vai nos sustentar?

Como criar um mundo ideal de amor, respeito e integridade se não levamos o debate para pessoas que não tem como acessar essas conversas?

O mundo ideal é feito da classe média e hippies que vestem Farm?

A gente quer falar dos problemas sociais, mas não inclui quem sente na pele as mazelas de um governo omisso. Não é a toa que um presidente besta como o nosso foi eleito. O povo que se diz do povão não fala com o povão. Eu mesma não falo. Quem vai ler isso aqui são meus amigos e leitores classe média.

Eu só fico aqui pensando como o capitalismo acaba sendo forte. Pegou um conceito como o good vibes e fez dessa uma de suas maiores fortunas.

Juliana Saueia

Juliana é atriz, escritora e bacharel em Direito. Vive com os pés na estrada e a cabeça em outros planetas.

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