Vida de intercâmbio: a chegada na Irlanda

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A Amanda Longo, uma grande amiga minha da época da faculdade, está fazendo um intercâmbio na Irlanda em sua primeira viagem internacional aos 28 anos.

Vida de intercâmbio: vivendo na Irlanda

Serão 6 meses de aula e 02 meses de férias, com permissão para trabalhar, escolhendo a capital, Dublin, para isso. Ela largou o trabalho de advogada aqui no Brasil por essa oportunidade.

Pedi à ela para realizarmos entrevistas ao longo desse período em que ela está na Irlanda, para tirarmos dúvidas sobre o país e também analisarmos como se estabelece sua progressão emocional, estando longe da família e amigos, em um país totalmente diferente do Brasil.

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Essa é a primeira entrevista que fizemos, sobre os primeiros dois meses dela na Ilha da Esmeralda. Bora conferir! Será que na próxima muita coisa vai ter mudado?

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1 – Porque decidiu fazer o intercâmbio? E porque escolheu a Irlanda?

A: Eu sempre tive muita vontade de morar fora, sair da minha zona de conforto, aprender uma nova língua, viver outras culturas.

E teve um dia que essa vontade ficou tão forte em mim que mudei completamente de vida.

Paguei todas as minhas dívidas, vendi algumas coisas minhas e todos os meus gastos eram calculados, e assim foi até o dia do embarque. Todos os dias eu vivia na espera da Irlanda.

Escolhi a Irlanda pois é o país que menos tem burocracia para entrar. Além de ser mais em conta e o visto oferecer oportunidade de trabalho. E estar na Europa é bem legal para viajar.

2 – Como foi a preparação emocional, foi difícil se despedir?

A: A preparação na verdade não teve, isso eu senti quando cheguei na ilha.

A minha psicóloga (que eu cancelei as sessões para poder guardar dinheiro) me disse que eu deveria conversar com ela antes do embarque, mas eu não dei bola rs, deveria ter ouvido ela. Eu PRECISAVA dessa preparação.

Eu passei o ano de 2018 trabalhando muito para juntar dinheiro. Então, não senti quando estava chegando o dia de viajar. Parei de trabalhar uma semana antes de viajar (não façam isso).

Foi horrível me despedir das pessoas. Passei a última semana do trabalho, chorando, porque lá eu vivi muita coisa boa e amava o ambiente e as pessoas. Em casa, eu chorava escondido rs. Minha mãe em um canto e eu no outro.

As despedidas foram só choro, mas o mais difícil foi no aeroporto. Foi tenso, a sensação de que nunca mais veria a minha família. Péssimo, odeio despedida, entrei no avião chorando rs.

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3 – Como foi passar pela imigração?

A: Eu estava tão cansada do voo de 12 horas até Amsterdam, 04 horas de espera na conexão e mais um voo atrasado, que quando cheguei no aeroporto da Irlanda só queria passar logo na imigração para ir pra acomodação dormir rs.

Fiquei com muito medo da imigração, apesar de estar com minha pastinha com todos os documentos (passaporte, carta da escola, seguro obrigatório, passagem de volta para o Brasil e comprovação dos 03 mil euros), mas foi super tranquilo, entreguei tudo e só me perguntaram se eu já tinha marcado meu GNIB (que é o visto), pra qual dia estava agendado e se eu estava entrando no país para estudar.

Depois pediram para eu tirar uma foto (não entendi o porquê disso, não é regra, por exemplo para minha amiga não pediram, mas enfim, fiz carão e tirei a foto).

Mas imigração é super tranquila, desde que você esteja com todos os documentos certinhos.

4 – Como foi sua primeira semana – maiores impactos, dificuldades?

A: Nossa, acho que foi a pior semana dos meus últimos anos, eu me preparei pra muita coisa antes de vir, mas não esperei sentir tanto.

Eu sofri logo de cara com o frio, a minha saúde de imediato ficou um bagaço (minha mãe que não leia isso), depois me deu uma coisa muito ruim, um sentimento de arrependimento muito grande.

Uma tristeza enorme de acordar com o dia cinza, ver o dia voar, não ouvir música, não sentir alegria nas ruas, nas pessoas, tudo aqui era muito frio nas primeiras semanas.

Não conseguia falar com a minha família sem chorar. Eu sempre gostei da alegria e aqui não tinha, não conseguia enxergar pelo menos. Eu dormia chorando e acordava chorando, não sei explicar bem o porquê.

Eu ia nos lugares com meus amigos e ficava chorando escondido no banheiro, até eles descobrirem e entrarem no banheiro comigo rs. Eu só queria ir embora, tudo era cinza pra mim, eu definitivamente tinha descoberto que aqui não é o meu lugar no mundo.

Passei Natal e Ano Novo longe dos meus, foi tenso, mas não tão ruim como a primeira semana.

Eu fiquei muito preocupada em achar acomodação, foi fácil de encontrar. É caro, mas não é difícil de achar. Me deparei com a dificuldade de comunicação e de arrumar emprego.

Eu digo que esses dias passaram, hoje eu to bem, não amo a Irlanda mas consigo enxergar tudo de bom que tem.

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5 – Como funciona na escola (divisão dos alunos)? Fez amizades logo de cara?

A: Eu cheguei na escola, fiz um teste online que fui mal pra caramba e me colocaram em uma sala bem iniciante.

Logo de cara já entrei conversando com as pessoas. Eu AMEI a escola, se tem um lugar que eu gosto de estar é na escola.

O clima é legal, os professores são bons, as pessoas receptivas e tem até um cachorro por lá rs. Pra mim a escola é um lugar quente, eu gosto disso, de calor humano.

6 – Onde ficou hospedada nas primeiras semanas e para onde foi depois?

A: Fiquei uma semana e dois dias na acomodação da agência que fechei o intercâmbio. Longe do centro, um bairro totalmente residencial.

Uma casa confortável, mas mal organizada. Dividia com minha amiga, duas mexicanas e mais um brasileiro.

Depois arrumamos a casa que estou atualmente, com mais três meninas, todas brasileiras. Estou no centro da cidade, me sinto rica por isso rs.

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7 – Em questão de cuidar da casa, existem regras?

A: Existem várias regras, o que mais tem é regra nesse lugar rs. Aqui tem escala de limpeza, de lavar roupa, horário de estudar e tudo mais.

Muita diferença do Brasil, aqui a energia é pré-paga, você recarrega a luz e é super cara. Então tem que economizar muito.

Roupa só pode lavar depois das 23 horas e a máquina de lavar e secar demora muito. Então, no meu dia de lavar a roupa eu passo a madrugada acordada.

Eu tenho um lugar certo na geladeira, no armário e tenho que ir no mercado toda semana porque as coisas estragam rápido, e também porque não tenho muito espaço de armazenamento.

Aqui a gente aprende a viver com pouco, estou mudada.

8 – Com quem divide a casa? É tranquila a convivência?

A: Hoje divido com mais quatro pessoas. A convivência não é das piores, mas também não é um mar de rosas.

Estou aprendendo a conviver com todo tipo de pessoa, aprendendo a entender a cultura de cada uma e respeitá-las. Mas confesso, é complicado rs.

Na primeira casa que morei, por exemplo, as duas meninas não tinham muita mania de limpeza, a casa fedia mofo, pó e tudo mais. O quarto era carpete, mas acho que nunca viu um aspirador de pó.

Quando chegamos nesta casa, logo sentimos que estava suja e o pó atacou tudo quanto é alergia.

Uma noite, eu e a Juliana (uma amiga que conheci por meio da agência de intercâmbio, nos encontramos no aeroporto e não nos desgrudamos mais) ficamos com uma crise de tosse bem seca, crise alérgica. Fomos dormir, eu tossia de um lado e ela do outro, era uma coisa incontrolável. E a menina que dormia embaixo da Ju ficava falando pra ela tomar água, mas não adiantava ela estava realmente passando mal. Daí essa menina as 03 horas da manhã saiu do quarto xingando, bufando e derrubando tudo que ela via pela frente, e foi dormir na sala. A outra menina do quarto ficou sem graça, socorreu a Ju e deu um anti-alérgico, depois de alguns minutos a tosse passou e dormimos bem.

Nesse momento já descobrimos que algumas pessoas aqui não querem saber muito de ajudar, dane-se você. Nesta mesma casa dividíamos um quarto para quatro pessoas. Duas beliches, eu e a Ju em cima e as outras duas embaixo.

Tinha um guarda-roupa enorme, mas eu e a Ju não podíamos ficar com nenhum espaço. As mexicanas não sabiam dividir nada e nossas coisas ficaram todas na sala. Elas saíam correndo para usar o banheiro primeiro e sempre queriam tirar nossas roupas da máquina para lavar antes as delas.

9 – Já arrumou trabalho? Que tipo?

A: Fiz uns bicos de Cleaner (limpeza). Não é fixo, fui alguma vezes na casa de algumas pessoas limpar e outras vezes em casas de Airbnb.

Ah, já fui limpar um estúdio de cinema também.

10 – O salário dá para se virar bem e ter momentos de lazer?

A: Na verdade o visto só permite trabalhar por 20 horas semanais e 40 horas nas férias.

Com 20 horas e ganhando salário mínimo dá para sobreviver, sem luxo, mas com um padrão simples de vida.

11 – Teve algum momento constrangedor?

A: Acho que eu tenho toda vez que tento falar inglês rs Eu não entendo eles e eles não me entendem. Mas coisas pesadas, ainda não.

12 – O que você mais gostou da Irlanda assim que chegou e o que mais odeia?

A: O que mais gostei foi das cervejas, todas são boas, não dão ressaca e são baratas!!

Gostei do preço das coisas no mercado, das lojas de roupas e do transporte público.

Segurança é boa, mas não é perfeita, só que nem podemos comparar com o Brasil, a Irlanda é o paraíso em questão de segurança.

Já eu odeio o frio (apesar de ter noção de que seria frio), achei os irlandeses um pouco grosseiros, odeio o fato de pedestre não ter prioridade, o fato de bicicleta andar na calçada (já fui quase atropelada várias vezes), eu odeio os carrinhos de bebês, as mães aqui carregam crianças com 10 anos dentro do carrinho de bebê e passam com ele em cima da gente na rua, também odeio o emprego escravo, aluguel caro para morar super mal, entre outras coisas rs.

13 – Como tem sido a adaptação para o inverno europeu?

A: O inverno tem sido rigoroso, comprei várias vitaminas, meias, luvas, toucas, casacos. Uso 300 roupas por dia. Aqui não dá pra sair com menos de duas calças.

14 – Como você preenche seus dias?

A: Quando não trabalho, pela manhã tomo meu café, arrumo algumas coisas, sempre tem algo para fazer em casa, logo ajeito as coisas para a aula e vou estudar.

Depois da aula, como alguma coisa, fazemos jantar e estudamos. Mas sempre durante a semana vamos em algum PUB ou vamos passear. Na verdade isso não é uma regra porque não tenho rotina aqui, cada dia é uma coisa nova.

Por enquanto não estou gostando disso, ainda não me desapeguei de não ter rotina, estava acostumada com isso, acho que gosto dessa segurança.

15 – Tem alguma coisa que você falou que iria fazer e ainda não conseguiu?

A: Estudar todos os dias e tentar ficar longe de brasileiro. Impossível.

16 – Tem algo que disse que não iria fazer e acabou fazendo?

A: Ir nas baladas de brasileiros rs Não consegui evitar, precisei ir. Preciso do meu povo, sentir nosso calor.

17 – Quantos PUB’s já conheceu? Como é a vibe? Tem algum preferido?

A: Eu acho que conheci mais de 10 PUB’s. A vibe é diferente de cada um, por exemplo, eu gosto dos tradicionais da região, adoro as musiquinhas irlandesas, os bêbados rs.

Gostei de um PUB que não é famoso e nem sofisticado, um amigo que me apresentou, o nome dele é Dice Bar, só tem irlandês, cerveja boa e música boa. Lá você consegue treinar bem o inglês.

18 – Encontra com muitos brasileiros? Acha importante se unir à eles ou melhor separados?

A: Super, aqui você só ouve português.

Eu acho importante a gente ficar unido, é o brasileiro que te ajuda na real. Eu acho que tem que ficar junto, mas também precisa se controlar no português. Ainda não consigo fazer isso, mas espero que um dia melhore.

19 – Você tem chorado muito por aí? Por quais motivos?

A: Eu chorei muito nos primeiros dias, mas muito mesmo, só sabia chorar por tudo, pelo clima, pela saudade, pela incerteza de chegar num país novo, de conhecer as pessoas, de ter que confiar e fazer laços fortes logo de cara, por ter deixado minha família e amigos, por ter deixado meu emprego que tanto gostava pra fazer algo que não gosto, por ter que conhecer novas pessoas, por ter que começar uma vida do zero, pela dificuldade na comunicação, pelo medo, ufa, por tudo!

20 – O que te fez continuar?

A: Eu falo que foi Deus. Porque minha vontade era de pegar a passagem e voltar para o meu Brasil.

Mas de verdade, as vezes você encontra forças que não sabe de onde veio, eu pensava comigo todo dia o tanto de dinheiro que guardei, nas pessoas que torcem por mim, na minha mãe que está super orgulhosa…

Todo dia eu acordo pensando nisso agora. Me ajudou e me ajuda muito, isso me faz querer seguir, mesmo cansada emocionalmente.

21 – Pretende estender seu visto ou voltar para casa?

A: Pretendo voltar pra casa, sem dúvidas. Eu não tenho nada aqui que me faça ficar. No meu país eu tenho a minha vida.

22 – Como é sua relação com a sua família, conseguem se falar todos os dias?

A: Eu não onsigo falar com eles todos os dias, aqui o tempo passa muito rápido. Sempre falo com a minha mãe por mensagem e toda vez que ouço sua voz, eu choro. Não consigo controlar ainda.

Meus primos e amigos falo bastante também, tudo por mensagem. Perdoem a minha fraqueza rs.

23 – Tirando família e amigos, do que mais sente falta do Brasil?

A: Cara, eu sinto falta da minha cama, do meu guarda roupa, do meu chuveiro, do SOL (eu descobri que amo o sol).

Sinto falta dos meus vizinhos barulhentos (aqui as pessoas não ouvem música), sinto falta das minhas roupas secarem… ah, tantas coisas.

24 – O que espera levar da Irlanda nessa jornada?

A: Quero levar whisky, chocolate, meias e roupas rs.

Além de toda a bagagem emocional, afinal, as dificuldades nos ensinam a crescer.

25 – O que tem sido seu porto seguro na Irlanda? E o que tem te feito enlouquecer?

A: Meu porto seguro são as pessoas que conheci aqui.

Deus colocou no meu caminho uma pessoa muito iluminada que tem toda paciência comigo, desde os dias bons aos dias ruins: a Juliana minha amiga que dividimos quarto.

Desde o aeroporto não nos desgrudamos mais. Ela me ajuda a seguir por aqui, sem ela não sei como seria a Irlanda para mim, imagino que horrível.

Sei que é horrível falar isso, mas o fato de não ter emprego fixo e não ver o dinheiro entrando, só saindo, tem me deixado louca.

26 – Você ainda pensa em largar o programa de intercâmbio?

A: Pensei e ainda penso sim rs. Aqui tudo é mais complicado.

Eu não larguei pelo valor do meu investimento e porque penso todo dia que nada é por acaso, eu não estou aqui por acaso, o universo tem alguma coisa pra me ensinar e estou aqui para aprender.

27 – Sente preconceito por ser brasileira?

A: Ainda não senti preconceito. Exceto o fato de emprego ser bem pior para imigrante, mas isso não é novidade.

28 – Conte alguma situação engraçada.

A: Vixe, eu tenho situação engraçada com a língua.

Não entendo o que eles falam e meu inglês também é péssimo. Já pedi uma cerveja no PUB e me deram um copo vazio.

Já falei inglês e português na mesma frase, tipo Joel Santana e ninguém entende nada. Daí uso o tradutor na cara das pessoas rs.

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Juliana Saueia

Juliana é atriz, escritora e bacharel em Direito. Vive com os pés na estrada e a cabeça em outros planetas.

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1 Comment

  1. […] primeira entrevista ela estava muito negativa com a chegada na ilha da esmeralda. Agora que o intercâmbio está quase […]

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